Dia de visita no hospital!
Ainda em casa me preparo: chapéu coco, maquiagem, roupa enfeitada, jaleco.
Confesso que a timidez me acompanha nesses momentos. Já no carro, vou pelo caminho conversando comigo mesma: Quem sou eu na ordem do dia? Como serei capaz de contribuir com aqueles que estão enfermos e, quiçá, com seus acompanhantes?
No estacionamento do hospital encontro meu parceiro de visitas. “Coloco meu nariz”, e pronto! Essa pequena máscara transforma tudo ao redor. Tenho a oportunidade de capturar a atenção de pessoas, de mudar de persona, de ponto de vista.
Em meio aos corredores do hospital, os protocolos de sempre. E como ritual, em cada porta, um pedido de licença para adentrar ao leito. Cada leito uma conexão, uma surpresa. Tudo é inusitado!
E, mesmo diante de tanta diversidade de situações, pessoas, diagnósticos e prognósticos, o sorriso, o riso, às vezes até a gargalhada, podem se fazer presente.
O riso é a abertura para o caminho da alegria, é o poder da comunicação que não está nas palavras – capaz de alterar a realidade e de melhorar a saúde. Estudos demonstram como a felicidade pode impactar a vida física e mental das pessoas. Hormônios da felicidade são produzidos por neurotransmissores. Serotonina, endorfina, dopamina e ocitocina são mensageiros químicos, conhecidos como quarteto da felicidade – equilibram nossos hormônios – sensação de bem-estar.
Pois é, a sensação de bem-estar começa com a alegria!
“…Alegria, Como um raio de vida, Alegria, Como um palhaço a gritar, Alegria…”
Alegria-Cirque du Soleil
E é engraçado como há muitos questionamentos para algo tão corriqueiro. Digo corriqueiro porque a alegria é própria do ser humano e está presente em muitos momentos de nossos dias. Só que a alegria, por ser um sentimento momentâneo, passa e mal a percebemos.
Ouso dizer que para encontrar a alegria é preciso viver o presente. Pois, mesmo diante de tragédias e doenças podemos ter instantes de alegria, de contentamento. Quem nunca riu ao ver uma pessoa cair? Quem nunca, em um leito de hospital, viu ou se viu sorrindo? E em velório? Isso indica que somos capazes de ressignificar espaços e acontecimentos, de rever crenças e valores. Por isso é que se diz que tudo é uma questão de escolha. No hospital isso ocorre a todo o momento: alegrar-se é uma escolha. Quando o paciente diz sim para o riso, ele abre portas para a recuperação.
Ao acordar, podemos escolher, todos os dias, se vamos encarar as adversidades com alegria e leveza ou com tristeza e pesar.
É questão de escolha!
“Você vai rir, sem perceber, Felicidade é só questão de ser” – Marcelo Jeneci – Música “Felicidade”
GILDETE MARTINS
Psicopedagoga, trabalha na área da Educação desde 1984. Atuou como professora de Educação Infantil e Coordenadora Pedagógica na Educação Infantil e Ensino fundamental I. Atualmente também faz parte da humanização dos Hospitais da cidade de Atibaia e Região, como Doutora Palhaça Hospitalar (voluntária no grupo Doutores Atipalhaços).
Está cursando Pós-graduação em Neuropsicologia. É uma das idealizadoras do projeto Conexão-Aprendizagem e Saúde Mental, onde realiza mentorias pedagógicas e psicopedagógicas com pais e profissionais da área. Atendimento psicopedagógico em consultório, em Atibaia/SP e Extrema/MG.