“Vossas controvérsias surgem quase sempre
do que não compreendeis sobre as palavras que usais,
porque vossa linguagem é incompleta
para as coisas que os vossos sentidos não percebem.”
Alan Kardec – LE 28
A ideia de introduzir imagens, neste trabalho, nasceu da expectativa de dar um sentido especial ao conteúdo dos textos, por meio de fotos, desenhos e ilustrações gráficas. São mensagens visuais que olhos atentos e mãos hábeis captaram e reproduziram, a partir da própria imaginação, de fatos reais, da observação da natureza e da criatura humana e, também, da interpretação das palavras escritas.
Arte e técnica foram unidas, não apenas para ilustrar, mas, também, para melhor expressar o propósito do trabalho e estimular o processo de aprendizagem. Imagens se unem ao texto, para que possam, com seu potencial comunicativo, despertar interesse, evocar sentimentos e facilitar a incorporação, revisão e memorização dos conceitos específicos de cada tema. Imagens e textos coexistindo harmoniosamente, completando-se e ampliando a possibilidade de comunicação com o leitor.
Imagens, muitas vezes, revelam características e descrevem detalhes que as palavras não conseguem exprimir em sua totalidade. Ao olhar uma foto ou o desenho de uma árvore, sei que não poderei tocá-la com minhas mãos, nem sentir a textura de seus galhos e folhas ou o aroma de suas flores. A foto não é a árvore, mas a representação dela. Entretanto, provavelmente irei criar imagens mentais sobre suas formas, cores e peculiaridades; sobre as relvas e jardins onde crescem e florescem e sobre o som do vai e vem das abelhas em seu derredor, no período da polinização. Imagens acionam referências subjetivas, inerentes a cada leitor, em função de sua maneira de compreender e de interagir com o mundo.
Imagens capturam e perpetuam um tempo que não mais existe. Despertam a imaginação, o senso crítico e a reflexão. Mobilizam fantasias e emoções. Ensejam diferentes interpretações e comparações e ajudam a clarificar e memorizar conceitos. Possibilitam o ver e o rever constantes, o examinar e reexaminar dos detalhes, a elaboração e atualização dos significados internos.
Assim, intercalamos imagens à descrição de ideias e conceitos, dando um colorido adicional ao trabalho. Uma forma mais prazerosa de comunicação, uma vez que elas acrescentam um elemento informativo complementar e potencializador do aprendizado.
E as palavras?
Bem…elas nascem do mais íntimo recôndito da mente, com a ajuda de uma máquina fantástica chamada cérebro.
Quando as penso, chego a acreditar que são só minhas. Entretanto, suas vibrações invisíveis e sutis viajam pelo espaço infinito, na dança etérea do Fluido Cósmico Universal. Navegam por caminhos ambivalentes, percorrendo vastas extensões entre o bem e o mal, a luz e as trevas, o passado e o futuro. Constroem campos mentais ao nosso redor. Vão e voltam ao ponto de partida, carregadas de sentimentos e emoções.
Ao selecionar as palavras, absorvo-as e, com elas, idealizo e planejo ações.
Pensamentos e palavras estão profundamente interligados. Por pensar, falo!
Quando as falo, eu entrego as palavras ao mundo, impregnadas de mim, e nunca mais as recolho. Articulo sons e exprimo ideias, coerentes ou não, que chegam até o outro, invadem-no, atravessam-no, com todas as suas conotações, construindo ou destruindo relações, ampliando ou limitando possibilidades de reflexão. Ao pronunciá-las exponho o meu pior e o meu melhor, minhas imperfeições e qualidades, crenças e valores, falhas e virtudes.
Se as escrevo, eternizo meu pensamento, letra após letra, em sinais gráficos que revelam meu conhecimento, inteligência, caráter e ideologia. Não controlo mais o seu destino. Ganham o mundo dos sentidos e dos sentimentos alheios. Promovem dúvidas, elucidações, julgamentos, polêmicas e ressignificações. Passam a pertencer ao outro, àquele que as lê e que, a partir delas, poderá compor novos conceitos, buscar novos rumos e construir novas histórias.
E as palavras são assim…
Algumas brotam espontâneas, em momentos muitas vezes inesperados e até inusitados.
Outras já estão prontas, registradas em livros, artigos e revistas, por pessoas que as pensaram antes de mim. Muitas vivem aprisionadas nos dicionários, esperando por gente como eu, que ainda se deleita com o manuseio direto de suas mil folhas. Várias aparecem bem na minha frente, quando busco ajuda da tecnologia. Exatamente as que me faltavam. Outras tantas entram pelos ouvidos, provindas de “conversas fiadas” ou de “papos cabeça” e ficam revirando a mente e atrapalhando o sono, até encontrarem um bom ponto de encaixe. Muitas vezes elas me escapam e, em vão, as busco e rebusco. Escondem-se no registro milenar de minha memória integral.
As palavras sempre me fascinaram e, há muito tempo, são companheiras inseparáveis dessa minha busca incessante do sentido da vida, dos caminhos possíveis de renovação interior, de ampliação do contato humano e de comunicação amorável.
Contudo, as palavras, por si só, não bastam! É preciso conhecer seus significados para garantir a qualidade do que se deseja comunicar.
Quando busco o significado de uma palavra, aprofundo-me nela; adentro-a, procurando sua origem, sentidos e definições. Amplio conceitos e construo novos repertórios. Elucido-me. Aproprio-me delas. Preparo-me para usá-las no momento adequado, com discernimento e clareza, para que seu conteúdo tenha a relevância pretendida e ajude-me a criar empatia com o outro, colaborando para que ele também tome posse das palavras, se o desejar, e as inclua em seu repertório de linguagem.
Como elemento facilitador desse processo, no contexto dos Remédios Florais de Bach, optei, então, por dicionarizar a descrição das palavras chave que caracterizam os estados mentais em desequilíbrio e das virtudes opostas, próprias de cada remédio e, assim, inseri um Glossário de termos específicos para cada um dos Sete Grupos de Bach.
Conhecer profundamente o significado das palavras chave é condição indispensável a todo Terapeuta. Conceitos armazenados em sua memória, fornecem-lhe subsídios importantes para a observação das pessoas que buscam ajuda. Para a compreensão profunda das dores e sofrimentos que caracterizam seus estados emocionais, de forma a conduzir a consulta com tranquilidade e segurança, em seu papel de educador e facilitador do processo de cura do cliente e para realizar a indicação correta dos Remédios Florais.
Trata-se, portanto, de uma proposta que vai muito além de ampliar vocabulário, mas, sim, de formar conceitos, compartilhar conteúdos e proporcionar oportunidades de maior eficácia no atendimento e comunicação terapeuta-cliente.
É material importante, também, para as pessoas leigas que desejem conduzir seu processo de auto avaliação e auto cura. Será mais uma ferramenta que as ajudará a olhar para dentro de si e a definir, mais claramente, aquilo que lhes vai na alma e que está a lhes causar desconforto, dor, sofrimento e infelicidade, uma vez que esta condição é essencial para a escolha dos Remédios Florais correspondentes.
“IMAGENS, PALAVRAS, SIGNIFICADOS”: uma conexão que se tornou relevante no contexto de produção deste trabalho, conduzindo o meu pensar e sentir sobre o “SISTEMA FLORAL DE BACH”. Sua história, seus conceitos, filosofia, visão humana e da natureza, sua crença na responsabilidade inalienável das pessoas pelo seu processo de cura e de expansão de consciência, estiveram presentes em toda concepção do que aqui, com alegria e gratidão, estou colocando à disposição de todos.
Nara Alves
05.02.2021