Fantasma que persegue, arrasa, paralisa.
Medo de morrer,
medo de viver,
medo de não sei o quê.
Uma antena que vez em quando se liga,
um arrepio,
um frio na barriga.
Medo do que acontece fora,
medo do que vem de dentro,
contradição, ambivalência.
Medo de gente,
do encontro, do desencontro,
da despedida.
Medo de correr,
de permanecer,
de enfrentar a vida.
Medo de perder a cabeça,
de enlouquecer,
de odiar,
de amar,
de sofrer.
Medo por mim,
medo por você,
zelo que prejudica,
angústia que não qualifica.
Adrenalina que percorre o corpo
confusão que invade a mente,
que desarmoniza,
que tira a autonomia,
que escraviza.
Medo de escutar o que não vejo, mas pressinto,
medo do imponderável.
Medo que deixa sombria a alma,
que acua,
que entristece,
que alarma,
que enlouquece.
Medo que gera pressão interna, tensão, dor,
que impede de enfrentar os reveses.
Medo do cotidiano,
medo do amanhã.
Medo de tudo.
Medo.
Medo da multidão, da solidão,
das sombras, da escuridão,
da claridade, da luz que alumia.
Medo que não feche a ferida,
medo até das alegrias da vida.
Medo que me afasta de mim, de você, de Deus.
Medo que faz vazios os dias meus.
Nara Allves